Chegada da Suzano em Ribas do Rio Pardo deve gerar 10 mil empregos
O anúncio da construção da usina de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo gera, além de mudanças na economia e infraestrutura no município, muita expectativa. Para entender melhor o que deve mudar na cidade, a 97 quilômetros de Campo Grande, G1 e TV Morena conversaram com autoridades municipais, estaduais, especialistas e ainda traçam um paralelo com Três Lagoas, outro município que cresceu a partir de investimentos de indústrias.
O empreendimento, anunciado há cerca de 10 dias, deve ter investimento de mais de R$ 14 bilhões, com a fábrica tendo capacidade de produção de 2 milhões e 300 mil toneladas de celulose por ano. Cerca de 10 mil empregos devem ser gerados durante a construção da usina, que deve ter suas obras concluídas em 2024.
A chegada da fábrica também deve mudar o panorama da economia do município, hoje basicamente sustentada pelo setor de agropecuária, com predomínio de criação de gado, mas havendo também o extrativismo de resina e carvão, com uma indústria siderúrgica. O PIB de cerca de R$ 868 milhões, segundo o IBGE, dependente praticamente todo do agro, deve aumentar consideravelmente com o investimento em indústrias.
Segundo o prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo (PSOL), o município deve “nascer de novo”. A prefeitura estima que, até 2024, a população deve saltar de 25 mil para 32 mil habitantes. “Teremos um incremento na receita, de 2 vezes e meia a três vezes mais de recursos que chegarão aos cofres públicos, com um significativo aumento do PIB”, afirmou o prefeito.
SIMILARIDADES COM TRÊS LAGOAS
Investimento externo que também mudou “a cara” de Três Lagoas, na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo. A cidade passou a receber indústrias a partir de 1998 e, hoje, ocupa o 1° lugar em exportações do Estado com 41,81% do volume exportado, o que corresponde a U$S 1.8 bilhões. Os dados são do diretor de Indústria e Comércio de Três Lagoas, Adenaldo Nunes.
Segundo o IBGE, a população no município saltou de 87 mil habitantes em 2006 para 123 mil em 2020. O investimento no município, segundo o diretor de Indústria e Comércio, foi de R$ 34 bilhões nos últimos 20 anos, deixando Três Lagoas com um PIB de R$ 11,5 bilhões. Ainda de acordo com Nunes, 50% desse montante corresponde às indústrias.
Apesar de Três Lagoas ter diversas empresas ‘âncoras’ – empresas grandes que trazem investimentos de outras empresas para o município – as duas maiores indústrias são exatamente de celulose, com a Eldorado e a Suzano, que agora também instala uma nova unidade em Ribas do Rio Pardo.
O economista Michel Constantino explica os efeitos dessas empresas grandes para uma nova dinâmica nas cidades que recebem os investimentos. “A empresa cria um polo e atrai outras empresas para atendê-la. Ainda tem um efeito “borda”, integrando municípios a esta empresa, e também o efeito multiplicador na economia, com mais investimentos, arrecadação de impostos para o município e estado, e ainda mais emprego e renda para todos”, comenta.
RIBAS JÁ SENTE OS EFEITOS DO ANÚNCIO
Segundo a Secretaria Municipal de desenvolvimento de Ribas, só neste ano a cidade recebeu cerca de 40 pedidos de empresas interessadas em se instalar na cidade. Pelo menos quinze deles surgiram após o anúncio oficial da construção da fábrica de celulose.
Para receber todo este investimento e pessoal, governo e município já conversam sobre a necessidade de iniciar obras para melhoras outros serviços básicos, como saúde, educação e construção de casas. O governador Reinaldo Azambuja disse que também vai reforçar a segurança na cidade com a previsão do aumento populacional.
Mesmo com o início das atividades previsto apenas para o primeiro trimestre de 2024, outro planejamento já é feito, pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, é o de como obter mão de obra qualificada.
“Já estamos fazendo um trabalho com o centro de capacitação do Senai, para que a gente faça essa qualificação emergencial para construção civil. Essa capacitação é um pouco mais de longo prazo, para começar agora e que tenha pessoas que vão trabalhar na fábrica, com formação de mais ou menos dois anos. Precisamos planejar para qualificar a mão de obra local”, constata o secretário.
Para o secretário municipal de desenvolvimento, a vinda da fábrica de celulose traz um recado ainda mais importante: o de esperança para a população de Ribas do Rio Pardo, que vive dias difíceis com a pandemia de Covid. “As pessoas estão vendo que é possível ter dias melhoras e que a vinda da empresa vai gerar emprego e renda para a população. As expectativas são boas e estão todos muito otimistas por aqui”, finaliza.
Fonte: João Pedro Godoy e Fabiano Arruda, G1MS e TV Morena